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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Uma vez, uma vez eu tive uma ilusão


Quando era criança gostava de sentar nos fundos do quintal de casa, cheio de árvores de frutas, (papai só plantava árvores frutíferas, vai lá saber porque) e descascar bergamotas. (tangerina, mexerica pra você?)

Particularmente não gosto de descascá-las pois exalam um cheiro que gruda nas mãos e por todo lugar, mãs... criança não tinha essas 'frescuras'. Às vezes confesso que estou com muita vontade de comer bergamota, mas só de pensar em descascar, e pelo outro fato que vou mencionar, cai a zero o desejo...

Geralmente, bergamotas miúdas são azedas. Nunca entendi porque. Um ex-colega de trabalho que tinha formação em agronomia explicou-me, agora já esqueci...mas enfim... Minha preocupação naqueles tempos era descascá-las, provar, não aprovar e "descobrir" se a próxima fruta me traria a tão desejada doçura. Como não éramos dados ao desperdício, mamãe de olho em minha tarefa de seleção, ao ver umas duas bergamotas descascadas já chamava atenção:

- Menina, porque descasca e não come?
- Mas mãe, é azeda!
- Minha filha, experimente o azedo que tem, e esqueça o doce que não sabe se existe...

Re-leio hoje sua fala: se você ficar na ilusão de que sempre haverá doçura na próxima fruta, vai ficar empilhando-as e ainda ficará frustrada se não conseguir a doce... tente ao menos apreciar o sabor da que está em suas mãos, quem sabe se no próximo gomo seu paladar irá acostumando ao gosto diferente...

Eu obediente, parava de descascar as ilusões mexericas... Mas também não comia as azedas que tinha nas mãos. Olhava para elas e pensava: vocês bem que podiam ser doces. Mamãe via a desilusão, vinha sorrindo, trazendo um pratinho de açúcar.... Eu ria triste, e não comia. Sabia que existia sim alguma doce, ia tentar outro dia, quando ela esquecesse da história...

"Mentira é pior que ilusão.."





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