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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Sobre febre e esquecer

Ela que costumava dizer que depois que a febre passa, era como se a doença nunca antes ali houvesse.

A dor doia, latejava, deixava de cama...mas no início de um novo dia arrefecia e era como se nunca tivesse existido.

E colocava uma saia florida nova, pintava os lábios de cores exatamente iguais a nova alegria que experimentava depois da febre:

Um rosa antigo, um lilás delicado.

[Ela que por vezes sofria, irremediavelmente, sem vislumbrar uma solução que fosse para tê-lo deslizando seus dedos na textura de seus cabelos, e por não usar perfume, achar engraçado ele fechar os olhos para sentir um quê de aroma na roupa que vestia, ou mesmo em sua pele.]

É estranho, porque a febre já se fez, a dor já passou, mas continua tudo ali, onde deixou.

O perfume ainda continua ausente, há as cores, que em determinados dias ficam cinzas, e até a culpa redimiu-se...
Porém as coisas, apesar de desajeitadas, permanecem no mesmo lugar: algumas quebradas, outras intocadas, mas estão ali, mesmo depois da febre, e da dor... Uma nova cura?

Busca no silêncio, algumas respostas pra que tudo não tivesse esvaído como das outras vezes que houve o turbilhão, algo que joga para o alto e depois atira ao chão. E com a queda, se faz indiferença. E tenta decifrar nessa quietude porque não adoeceu, e morreu, e depois ressuscitou.



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