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sábado, 4 de junho de 2011

Como Me Tornei Estúpido

Como Me Tornei Estúpido, de Martin Page

Como Me Tornei Estúpido, Martin Page 

"Porque no acúmulo de sabedoria, acumula-se tristeza, e quem aumenta a ciência, aumenta a dor.” (Eclesiastes, 1,18). É esse o mote que Antoine, um erudito cujos conhecimentos sempre interminados, que vagam da biologia à metafísica, passando por seus sólidos conhecimentos de… aramaico, arroga para sua nova empreitada: tornar-se estúpido.

Martin Page constrói um personagem memorável. Antoine é um curioso, que tem uma relação visceral com o conhecimento, para além da vida acadêmica regular à qual, obviamente, não se adapta. Dos inúmeros cursos que começou, só conseguiu coletar "pedaços de diplomas", tão somente por se interessar por tantas e distintas coisas.

O personagem é crítico, ácido e odeia o mundo das burocracias, obrigações desprazerosas e da ignorância contumaz. Entretanto, descobre-se, por isso mesmo, doente. Sofre da patologia daqueles que pensam demais e que, como diz o sábio livro da Sabedoria, têm sua dor de viver aumentada em proporção direta à sua lucidez. Contudo, a condução de Page não desemboca numa lamentação dolorosa ou uma depressão que arrasta o leitor. Com o humor sofisticado a que já aludimos, o autor mostra a decisão de Antoine diante desse quadro irreparável: abdicar de sua consciência e inteligência e tornar-se retumbantemente estúpido.

Resenha do livro extraída do  site do Instituto Hypnos. 
#recomendo

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