No prato a comida esfriava e à medida que o frio intensificava, a noite crescia lá fora.
Era dificil olhar da janela de madeira pesada e saber que ela não ia mais voltar.
O jeito que só ela sabia entrar em casa, e colocar os pacotes do mercado em cima da mesa,
E sorrir e dar um beijo, e era um sorriso sempre aberto, não importasse o quanto fechado o tempo estava.
Ia ser dificil não sentir mais os pés gelados dela, encostados nos seus, enquanto ela se aninhava em seu corpo sempre mais aquecido - ela estava sempre com frio, era assim, nunca vira alguém sofrer tanto com a baixa temperatura.
E no entanto, e talvez por isso, o mais quente nela era o olhar, que desarmava até mesmo um boneco de neve que porventura a interpelasse.
Ele espiou novamente a rua, uma esperança boba que o casaco de couro comprido e claro surgisse na escuridão da esquina; que esperança, que saudade, que vontade de se aquecer de novo com aquele beijo.
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