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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Adestradas para o desejo.



Outro dia recebi um convite cor-de-rosa, estampado com um logo que imitava um par de seios, emoldurado por uma foto de uma mulher com um sorriso de monalisa, com a mão passando nos cabelos num sugestivo gesto pretensamente sensual. #not. Ela é uma conhecida palestrante, e suas "palestras motivacionais" rodam o Brasil inteiro, tem livros publicados e colunas em jornais e revistas do sul, de onde vem. Ao "jogar" no google seu nome vê-se várias fotos suas em poses no pole-dance e outros fetiches clichês que vemos por aí (cinta liga, algemas etc e tal).

Pois bem a "Palestra Motivacional de Sensualidade e Auto-Estima Feminina" deve ser algo interessante, pois, segundo o convite rosa, "ensina" as mulheres a usarem sua criatividade como forma de driblar os reveses naturais de uma relação duradoura como por exemplo, um casamento ou outros relacionamentos a longo prazo, há dicas de estética e a incrível "arte" do pole-dance .  Não quero me ater sobre o modelo apresentado, conheço há anos o trabalho da moça, meu olhar é sobre a questão do "adestramento" ao desejo.

Queremos aprender tudo, sob forma de manuais ou que venha ao menos com algumas explicações básicas para que a partir daí formulemos uma tese ou executemos uma ação. Nossa vida já enlatada, inclui no pacote o "treinamento" para o sexo. O que seria a melhor coisa da relação em si (descobrir, desvendar), passa ser tarefa de experts no assunto para nos fazer entender #comofaz. Vamos ser desprovidos de pudores nesse momento, por favor, presumo que aqui lêem pessoas sem estes ranços morais que são impostos por tantas instituições. Ademais, a novela da oito está aí para mostar como se faz a posição certa na cama sob o ângulo certo, então, hipocrisia, fora daqui.

* * *

Ri-me imaginando alguém e outro alguém tentando encontrar o manual da dona-sexóloga esquecido em algum lugar debaixo das roupas que a essas alturas já estão jogadas em um canto qualquer.

Abre colchetes: Não estou ignorando a eventual e ocasional idéia de colocar flores (eu particularmente detesto, mas, va lá) ou velas aromáticas (minha alergia, risos) e uma musiquinha de fundo (de boa qualidade, please) e a penumbra e uma lingerie nova para ocasiões especiais (confortável). Fecha colchetes.

Mas pessoa amada, você imagina-se subindo em um pau-de-sebo previamente colocado no centro de seu lindo quarto, e de lá descendo fazendo piruetas que te deixarão com vertigens e dores mil...(mais risos).

Uma amiga queria muito apimentar sua relação e deciciu ir a uma sex-shop da vida. Maridão todo dia futebol na TV, chinelo velho, sofá, bermuda surrada, coisa e tal. E lá se foi bela e feliz com sua fantasia de mulher gato para casa. Início de gre-nal (decisivo) e eis que surge a Hale Barry e seu chicote (oi?) com direito a botas de couro pontudas. O que veio a seguir não sei se é cômico ou trágico. Entre risadas, com direito a rolar no sofá e pedir que deixasse acabar o jogo para depois assistir Matrix, minha amiga furiosa brandindo chicote e quebrando garrafas, resumiu assim a tentativa de "sensualizar" : frustração total. 


Questiono se talvez a hora não fosse propícia, ou se ele preferia mulher-maravilha, o fato é que na dúvida, cara colega, vá na boa e velha intuição feminina, e siga os rastros, porque se ele não estiver deixando-os mais, nem pole-dance nem fantasia de tiazinha vão resolver.

Assim como tudo na vida, o que vale para mim, não vale para você, nem na mesa, nem na cama.

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